
Flávia Cintra tem mania de dizer que fez 18 anos duas vezes na vida. Na primeira etapa, curtiu a infância e a adolescência como qualquer pessoa normal. Na segunda, se estabilizou como profissional, se casou e deu à luz gêmeos, também como qualquer pessoa normal. Só existe uma pequena diferença entre as etapas: uma cadeira de rodas.
A jornalista sofreu um acidente de carro aos 18 anos, em uma rodovia de São Paulo, e perdeu todos os movimentos. Passou por um duro processo de aceitação, como acontece na maioria dos casos, mas redescobriu motivos para sorrir, sair de casa, viver em geral. A história de Flávia chamou atenção da produção de " Viver a Vida", e hoje a moça é "consultora" de Manoel Carlos para a personagem Luciana, interpretada por Alinne Moraes.
A cena mais aguardada na trama começou a ser exibida na noite de quinta-feira (5). Luciana estava viajando em um ônibus que capotou em uma ribanceira. A jovem modelo ainda não sabe, mas sua vida mudará drasticamente a partir de agora. A paixão pelas belas pernocas, que Maneco enfatizou bem até então, sofrerá um baque quando Luciana descobrir que perdeu os movimentos.
Alinne conviveu muito com Flávia e aprendeu a questionar e a entender o mundo de uma cadeirante. A jornalista, que está mais disputada que os artistas, falou com o Famosidades sobre essa mudança repentina na vida, quando nós não escolhemos e somos obrigados a aceitar uma nova realidade.
"Eu tive, como todo mundo, uma construção de degrau a degrau. Em um primeiro momento, quando saí do hospital e fui para a fisioterapia, eu tive contato com outras pessoas que estavam em situação semelhante, uns piores e uns melhores. E eu me aproximei dos melhores. Eu analisei as coisas interessantes que poderia fazer daquele jeito. Mas eu ainda achava que poderia voltar a andar. Eu não ia ao cinema quando convidavam, por exemplo, porque dizia que quando voltasse a andar teria tempo de ir", contou Flávia.
No folhetim, Luciana também passará por todo o processo de aceitação, e a partir daí irá encarar outros desafios da vida que vão muito além da cadeira de rodas. "Quando eu tive certeza que não ia voltar a andar, eu já tinha descoberto que não era o fim do mundo. Me consolidei como profissional, filha, amiga, depois como mulher, e como mãe. Ainda não acho que estou pronta. Mas não sei se seria diferente se estivesse andando. Todo mundo erra e acerta na vida. A deficiência é uma característica que à vezes desaparece, e às vezes fica gigante. Tem horas que acho ruim e outras que eu até gosto", declarou a "consultora" técnica de Maneco.
O trabalho de Flávia com a produção de " Viver a Vida" é mais para orientar Alinne com suas posições, pensamentos, ações, para que ela sinta e viva em um ambiente como uma cadeirante, como irá interpretar daqui para frente.
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